terça-feira, 19 de março de 2013
Da alma
Sem cor
cheia de maus tratos
e vidros lascados
E sem lugar
Devia ser muda
mas vez ou outra
contrariavam-na
em gritantes vozes
Servindo de portal
entre dois mundos,
agarravam-se nela
com cheiro de café
Sempre disposta
se exibia orgulhosa
à outra invejosa
- e tão preguiçosa:
aquela porta
Ali estava ela
enquadrando
seus personagens
enfeitados
Não era bela
mas nitidamente
deliciava-se no seu reflexo
logo à frente
Quando sozinha
vestia-se em amaciantes
e cor-de-rosa
e vinha a escuridão
Em público
alçava sua nudez
quase transparente
e vinha sua verdade
Não ia
nem vinha
ficava ali
elegante
Que tanto viu ela
quanto ouviu ela
quanto falou ela
aquela janela
---
sábado, 9 de março de 2013
Seis
Essas malditas
O que insistem
em me trazer aqui
Eu me esquivo
desvio
Mas procuro
e me entrego
Eu quero
Eu quis
Eu fiz
Eu era
Num ato
me fiz o hoje
Na covardia
o construí
Coragem me resta
e sei disso
Somente
Força
Você sabe
Você conhece
Você é coragem
Ou o sinônimo
Não me escondo
mas respeito
o que não vem
da escuridão
A simplicidade
era o que buscava
na aura
daquela tormenta
Eu e você
explicava isso
Eu e você
me fazia bem
--
terça-feira, 5 de março de 2013
Blank page
distante
e ele sempre existiu
Há muito não o via
Densas nuvens cinzentas
cobriam-no, como proteção
de algo ainda pior
que poderia vir de mim
Aos poucos a calmaria
dos meus demônios
convenceram a densidade cinzenta
de que a hora chegou
Como uma tempestade
que durou anos
Assim também ela
se vai, morosa
Em nítidas folhas caindo
vejo em quantas delas eu pisei
Por toda a extensão da ignorância
vejo toda a destruição
A cada passo a lugar algum
o som seco do chão pronunciava-se
como se fossem costelas
quebrando-se de tão frágeis
Minhas árvores sussurravam
agonizantes, por socorro
Há muito não chovia por aqui
água não lacrimosa
Onde a escuridão dá lugar
Onde o sofrimento pairava
em conjunto com a angústia
e a mentira
Há um vazio inócuo
silencioso
e temeroso
e iluminado: eu
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