terça-feira, 19 de março de 2013

Da alma



Sem cor
cheia de maus tratos
e vidros lascados
E sem lugar

Devia ser muda
mas vez ou outra
contrariavam-na
em gritantes vozes

Servindo de portal
entre dois mundos,
agarravam-se nela
com cheiro de café

Sempre disposta
se exibia orgulhosa
à outra invejosa
- e tão preguiçosa:
aquela porta

Ali estava ela
enquadrando
seus personagens
enfeitados

Não era bela
mas nitidamente
deliciava-se no seu reflexo
logo à frente

Quando sozinha
vestia-se em amaciantes
e cor-de-rosa
e vinha a escuridão

Em público
alçava sua nudez
quase transparente
e vinha sua verdade

Não ia
nem vinha
ficava ali
elegante

Que tanto viu ela
quanto ouviu ela
quanto falou ela
aquela janela


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