terça-feira, 5 de março de 2013

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Meu horizonte hoje surge
distante
e ele sempre existiu
Há muito não o via

Densas nuvens cinzentas
cobriam-no, como proteção
de algo ainda pior
que poderia vir de mim

Aos poucos a calmaria
dos meus demônios
convenceram a densidade cinzenta
de que a hora chegou

Como uma tempestade
que durou anos
Assim também ela 
se vai, morosa

Em nítidas folhas caindo
vejo em quantas delas eu pisei
Por toda a extensão da ignorância
vejo toda a destruição

A cada passo a lugar algum
o som seco do chão pronunciava-se
como se fossem costelas
quebrando-se de tão frágeis

Minhas árvores sussurravam
agonizantes, por socorro
Há muito não chovia por aqui
água não lacrimosa

Onde a escuridão dá lugar
Onde o sofrimento pairava
em conjunto com a angústia
e a mentira

Há um vazio inócuo
silencioso
e temeroso
e iluminado: eu

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